Atualmente, constata-se que 56% da população brasileira está com sobrepeso e 20% com obesidade. Como consequência dessas condições, os pacientes têm maior propensão a desenvolver diabetes, doenças cardiovasculares, câncer e outras enfermidades, além de sofrerem uma redução na qualidade de vida e autoestima. Portanto, é fundamental manter o peso dentro dos parâmetros adequados. Diversos são os elementos que contribuem para o aumento de peso, incluindo padrão alimentar, nível de atividade física, estilo de vida, carga genética, idade, sexo e grau de estresse.
Para verificar se alguém está acima do peso, é possível utilizar diversas ferramentas, como o Índice de Massa Corporal (IMC), bioimpedância, DEXA, entre outras. O IMC é uma das formas mais simples de avaliar o peso, com as seguintes classificações: ≤18,5 kg/m² para baixo peso, 18,6 à 24,9 kg/m² para eutrofia/peso normal, 25 à 29,9 kg/m² para sobrepeso e ≥30 kg/m² para obesidade. Apesar de útil, o IMC por si só não consegue fornecer informações detalhadas sobre a composição corporal do indivíduo. Por outro lado, a bioimpedância é capaz de oferecer essas informações, sendo crucial para uma avaliação nutricional precisa, em conjunto com exames laboratoriais.
No que diz respeito ao uso de medicação para emagrecimento, muitos pacientes enfrentam dificuldades significativas na perda de peso, mesmo após alterações na alimentação e prática regular de exercícios. Em determinadas situações, como quando o paciente não pode se exercitar devido a problemas de saúde, o tratamento medicamentoso pode ser indicado. Os medicamentos seguros e eficazes para perda de peso atuam reduzindo o apetite, gerando sensação de saciedade ou diminuindo a absorção de calorias pelo intestino. No entanto, medicamentos que visam acelerar o metabolismo podem apresentar efeitos colaterais graves e não são considerados opções seguras.

A duração do tratamento medicamentoso varia conforme as características individuais de cada paciente. Em alguns casos, é possível reduzir gradualmente o uso da medicação após alcançar o peso desejado, especialmente se o paciente adotar mudanças significativas no estilo de vida. Por outro lado, pacientes com obesidade mais grave ou dificuldades em alterar a dieta e a atividade física podem precisar de tratamento contínuo. Em relação à quantidade de peso perdida durante o tratamento, isso depende da medicação utilizada e das mudanças de hábito adotadas pelo paciente. A escolha da medicação adequada leva em consideração diversos fatores, como padrão alimentar, idade, condições de saúde associadas e experiências anteriores com tratamentos.
Não há evidências de efeito rebote ao interromper o uso da medicação para emagrecimento, mas alguns comportamentos podem contribuir para um eventual reganho de peso, como falta de adesão ao tratamento, sedentarismo e manutenção de hábitos alimentares inadequados. Portanto, é importante seguir as orientações médicas e adotar hábitos saudáveis, como escolher alimentos nutritivos, mastigar a comida lentamente, evitar distrações durante as refeições, controlar a ingestão de calorias, praticar exercícios regularmente e garantir uma boa qualidade de sono.
Dr Victor Menezes é Endocrinologista, especialista em Obesidade, formado na Universidade de São Paulo (USP-SP)